Nessa semana, nós acordamos com uma sensação de que está faltando algo a mais em nossa rotina: as Olimpíadas de 2024 se foram! Ela trouxe momentos inesquecíveis para o Brasil e um dos maiores destaques foi, sem dúvida, a performance das atletas brasileiras. Mais do que medalhas
e recordes, essas mulheres representaram a força, a determinação e a capacidade de superação que ecoam além das arenas esportivas.
Antes mesmo de os Jogos Olímpicos de Paris começarem, as mulheres brasileiras já faziam história. Pela primeira vez em mais de cem anos de participações do país em Olimpíadas, a delegação do Brasil teve mais mulheres do que homens: 163 contra 126, uma fatia correspondente a 56,4% do total. Ao final do evento, elas mostraram que não estavam apenas fazendo número. A maioria dos vinte pódios conquistados pela delegação foi resultado do empenho feminino (Agência Brasil, 2024).
Orgulhosamente os três ouros conquistados pelo Brasil em Paris provenientes da performance de mulheres: Beatriz Souza no judô, Rebeca Andrade na ginástica artística e a dupla Duda e Ana Patrícia no vôlei de praia.
Além do mais, doze das vinte medalhas foram de esportistas femininas. Um décimo terceiro pódio, o das equipes no judô, não foi obra 100% das mulheres, mas com participação importante delas. Há três anos, em Tóquio, os pódios femininos representaram 43% do total do Brasil. No Rio, há oito, 26%.
Destarte, elas também se destacaram nas conquistas das outras medalhas: foram mais pratas (quatro contra três) e mais bronzes (cinco contra quatro) femininos do que masculinos.
O desempenho dessas atletas reflete uma realidade que também se observa no mercado de trabalho. Assim como nos esportes, as mulheres enfrentam desafios significativos, muitas vezes tendo que provar sua competência em ambientes predominantemente masculinos.
Mesmo com tantas conquistas, ainda há um longo caminho a se trilhar. Os dados nos mostram que a desigualdade de gênero no mercado de trabalho ainda se encontra muito presente. De acordo com o relatório Global Gender Gap Report (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero) (2024), do Fórum Econômico Mundial, o Brasil figura na 70ª posição no ranking global geral, subindo 13 posições e, comparação com 2023, tendo eliminado 71,6% da disparidade de gênero, em um ranking com 153 países.
Com 66,7% em paridade econômica, Brasil experimenta uma ligeira redução da disparidade de gênero, em relação à sua pontuação de 67,0% em 2023, mas mantém a paridade em trabalhadores profissionais e técnicos e atinge a sua paridade mais elevada para cargos de liderança sênior (66,1%).
Ou seja, nota-se que as mulheres enfrentam ainda um cenário de desigualdade e discriminação no mercado de trabalho do país.
Além do mais, mesmo sendo mais escolarizadas que os homens, as mulheres ainda têm menor participação no mercado de trabalho e ganham 21% menos que homens, segundo dados do IBGE, divulgados no início de 2024, referentes ao ano de 2022. Aponta-se que 53,3% das mulheres participam da força de trabalho. Enquanto isso, a taxa masculina é de 73,2%.
O levantamento aponta que, do total de formandos em cursos de graduação presencial, 60,3% eram mulheres, enquanto 39,7% homens. Em nível de instrução, o público feminino também supera o masculino. Enquanto 21,3% das mulheres concluem o ensino superior, 16,8% dos homens o fazem.
Conforme o instituto, do total de pessoas em cargos gerenciais, 60,7% eram homens e 39,3% mulheres. Os dados do IBGE também mostram diferença entre salários para esta mesma função. Em 2022, mulheres em cargo de gerência tiveram rendimento médio de R$ 6.600, 21,2% abaixo do que os homens ganharam (R$ 8.378).
Enquanto isso, de acordo com o IPEA, a taxa de participação dos homens no mercado de trabalho tende a cair, projetando que em 2030 será de 82,7%.
Segundo o site Politize, em seu projeto de Equidade, essa disparidade de mulheres no mercado de trabalho ainda ocorre devido ao papel social e cultural imposto às mulheres, as quais ainda são vistas como as principais responsáveis pelos cuidados familiares e pelos trabalhos domésticos.
Uma outra hipótese para menor promoção das mulheres em nossa sociedade pode ser a sobrecarga desses papeis sociais e culturais (cuidados da casa e familiares), adicionado ao profissional, fazendo-as terem menos tempo para participarem de happy hour, fazerem networking, como os homens, já que a divisão de tarefas domésticas e cuidados familiares em nosso país ainda não é igualitária.
Podemos chamar esse “trabalho invisível” de economia do Cuidado (do original, em inglês, care economy), um termo destinado ao trabalho, grande parte das vezes executado por mulheres, de dedicação à sobrevivência, ao bem-estar e/ou à educação de pessoas, assim como à manutenção do meio em que estão inseridas. Em âmbito doméstico, esse trabalho é invisibilizado e não remunerado, e no meio profissional — terceirizado – é mal pago, de acordo com Projeto Draft.
Um dado apontado pelo estudo Time to care — Unpaid and underpaid care work and the global inequality crisis, publicado em janeiro deste ano pela ONG britânica Oxfam, mostra que, em média, no mundo todo, mulheres gastam 4,5 horas do dia fazendo trabalho não remunerado, enquanto homens gastam metade desse tempo.
No entanto, assim como nas Olimpíadas, elas estão conquistando espaços e quebrando barreiras. As mulheres têm demonstrado habilidades notáveis em gestão, inovação e na criação de soluções que transformam organizações.
Mas, por qual motivo minha empresa deveria contratar mulheres?
1. Diversidade de Perspectivas e Inovação Mulheres trazem consigo diferentes experiências, vivências e perspectivas, que são essenciais para a inovação. Estudos mostram que equipes diversas, especialmente em termos de gênero, tendem a ser mais criativas e a desenvolver soluções mais abrangentes e eficazes. A diversidade de pensamento promove o debate construtivo e a criação de ideias que podem diferenciar uma empresa no mercado.
2. Melhoria no Clima Organizacional A inclusão de mulheres em todos os níveis hierárquicos contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais equilibrado e harmonioso. A presença feminina pode trazer maior empatia, comunicação eficaz e colaboração entre os membros da equipe, fatores que são fundamentais para um clima organizacional positivo e produtivo.
3. Aumento da Produtividade Empresas que valorizam a diversidade e promovem a inclusão de mulheres tendem a ver um aumento na produtividade. Isso ocorre porque colaboradores que se sentem respeitados e valorizados têm maior motivação e engajamento no trabalho. Além disso, as mulheres, muitas vezes, demonstram grande habilidade em multitarefa e gestão de tempo, o que pode aumentar a eficiência no cumprimento de metas e prazos.
4. Maior Atração e Retenção de Talentos Organizações que investem em diversidade de gênero se destacam no mercado de trabalho e são mais atraentes para profissionais talentosos, tanto homens quanto mulheres. Um ambiente de trabalho inclusivo sinaliza que a empresa valoriza todos os colaboradores igualmente, o que aumenta a satisfação e a lealdade, resultando em menor rotatividade e maiores índices de retenção de talentos.
5. Impacto Positivo na Reputação da Empresa Empresas que contratam mulheres e promovem a igualdade de gênero são vistas como socialmente responsáveis e comprometidas com o progresso da sociedade. Isso melhora a reputação da empresa junto a clientes, parceiros e investidores, criando uma imagem positiva que pode ser um diferencial competitivo.
6. Melhor Compreensão do Mercado e Clientes Mulheres representam uma parte significativa da base de consumidores. Ter mulheres em posições estratégicas dentro da empresa permite uma melhor compreensão das necessidades e desejos desse público, o que pode resultar em produtos e serviços mais alinhados com as demandas do mercado.
Assim como no esporte, é crucial que as empresas reconheçam e promovam o talento feminino, oferecendo oportunidades iguais e incentivando a diversidade. Não se trata apenas de justiça, mas de estratégia: organizações diversas são mais inovadoras e capazes de enfrentar os desafios de um mercado globalizado.
A vitória das nossas atletas é um lembrete poderoso de que, quando são dadas as condições e oportunidades adequadas, as mulheres podem alcançar o topo em qualquer campo. É hora de celebrarmos não apenas as medalhas, mas também o avanço contínuo das mulheres no mercado de trabalho.
Vamos nos inspirar nos exemplos das Olimpíadas de 2024 para construir um futuro em que a igualdade de gênero seja a base para o sucesso, tanto nos esportes quanto nas empresas.
Contratar mulheres não é apenas uma escolha ética, mas uma decisão estratégica que pode impulsionar a inovação, a produtividade e a reputação da sua empresa. É hora de abraçar a diversidade de gênero e colher os frutos que ela pode trazer para o crescimento e sucesso do seu negócio.
E a lição de casa começa em casa: aqui na FATD, nosso time é composto majoritariamente por mulheres. Vamos juntos tornar o mercado de trabalho mais equitativo.
Quer desenvolver um trabalho consistente de diversidade, equidade e inclusão dentro da sua organização? Não hesite em nos chamar pelo telefone (19) 98446-8007, ou enviar e-mail contato@fatd.com.br. Vai ser uma honra um café com você e apresentar nossos serviços.
Comments